4 de Abril, 2022

Aavegotchi: Exemplo de Como NFTs Podem Desbancar o Uber 🚖👻

Leia aqui como um jogo besta de browser pode ser uma janela para o futuro da economia compartilhada.

Aavegotchi se descreve como um protocolo de jogos NFT, com código aberto e em posse da comunidade. Atualmente está hospedado na rede da Polygon.

Em tradução livre

Na prática, os gotchis são NFTs (ERC721) de fantasmas colecionáveis na blockchain. E os criadores prometem que, no futuro, você poderá jogar com eles no gotchiverse, ganhar XP, batalhar, etc.

Depois de quase um ano em preparação, o primeiro jogo "oficial" foi lançado dia 31 de março (2022), juntamente com o estreia dos tokens de recursos do jogo, com tickers $FOMO, $FUD, $ALPHA e $KEK. Todos podem ser comprados/vendidos na Quickswap (dex da Polygon).

Ao longo de 30 dias, estará disponível uma versão minimamente viável do jogo, na qual temos acesso a apenas um distrito da Citaadel e apenas uma missão: andar por aí coletando os tokens que vão aparecendo no mapa, estilo Pac-Man... só que com milhares de outros competindo!

Um token de $FOMO no chão, quem chegar primeiro, pega!

Até aqui, não vimos nada de muito inovador, seria mais um jogo "Play2Earn" em que as pessoas jogam e ganham alguns dólares por hora, já que os tokens coletados podem ser vendidos como qualquer outro token ERC20. Isso é bom para quem não tem opções, como no caso das Filipinas, onde dizem que na época do lockdown, existiam famílias sendo sustentadas por Axie Infinity.

Assim como jogos Play2Earn mais famosos, apenas aqueles que têm um gotchi podem jogar, e esses não são baratos, o que pode ser bastante complicado para quem quer entrar.

Esse gotchi está na "média", custando 799 $GHST (por volta de $1.600 ou R$ 7.350)

Isso porque, na prática, seria como se alguém quisesse trabalhar como Uber, mas tivesse que comprar o carro antes.

Para resolver esse problema, os devs do jogo criaram um smart contract no qual quem já tem seus fantasminhas pode disponibilizá-los como empréstimo! Tudo de forma transparente e segura na blockchain.

Funciona basicamente assim, quem é dono de um gotchi cria uma listagem definindo os seguintes parâmetros:

  1. Valor de entrada, que deve ser pago no aceite do contrato (pode ser zero);
  2. Divisão dos recursos coletados pelo locatário (em % entre dono e o locatário);
  3. Tempo do contrato.

Existem alguns outros detalhes (lista de admissão, terceiro na divisão...) que devem ser considerados, mas o descrito acima é suficiente para pegar a ideia.

As listagens criadas são de acesso público, ou seja, todos podem ver o que está listado e as condições, o que torna tudo mais fácil e transparente!

Exemplo de listagem

No exemplo acima, vemos que se alguém quiser alugar o Unity terá essas condições:

  1. 0.5 $GHST de entrada (~$1);
  2. O locatário fica com 100% do que ele coletar;
  3. 3 horas de uso.
Exemplo de listagem

E quem quiser o Aavegotchi 12523 terá essas condições:

  1. 1.0 $GHST de entrada (~$2);
  2. O locatário fica com 70% do que ele coletar e o dono fica com 30%;
  3. 24 horas de uso.

Qual é o melhor negócio? Não sei, depende de quanto tempo o locatário consegue jogar, quão bom ele é em coletar os recursos, etc. Existem até listagens sem custo de entrada, normalmente com uma divisão 50/50. Acredito que com o tempo a maioria das "configurações aceitáveis" serão mapeadas por oferta e demanda.

A qualquer momento, e quantas vezes quiserem, tanto o locatário quanto o dono podem chamar a função de resgate. Essa função irá distribuir os recursos coletados como acordado. Finalizado o tempo de contrato, o dono chama a função de finalizar, que retorna a posse do 👻 para si (e pode imediatamente refazer a listagem com outros parâmetros ou os mesmos, atraindo outro locatário....).

Reforçando, se não ficou claro, todas essas regras necessariamente serão cumpridas, pois não é uma promessa, é uma garantia da blockchain!

George Jetson deveria ter usado um smart contract 😂

"OK, eu entendi, mas como isso vai desbancar o Uber?"

Pensa só, imagina se ao invés de bichinhos na blockchain os tokens representassem a posse de um... carro? Poderíamos ter um livre mercado de ofertas muito mais dinâmico do que meia dúzia de executivos no Vale do Silício podem imaginar!

Se acha isso "viajado", lembre-se de que os carros da Tesla já podem ser abertos, fechados, ligados e desligados via internet – isso hoje.

Se sabemos alguma coisa, é que a comunidade de gamers é dedicada (para dizer o mínimo), costumam encontrar (e abusar) de qualquer vulnerabilidade. Deixá-los à vontade é uma verdadeira prova de fogo para qualquer infraestrutura, principalmente uma que se propõe a ser a base de uma nova economia compartilhada. Assim, fazê-lo num ambiente de consequências "limitadas" me parece o melhor caminho.